terça-feira, 29 de abril de 2008

Virando cultural

Sobrevivente de uma experiência sensacional, a Virada Cultural veio para mudar algumas opiniões e rever alguns conceitos sobre cultura. De longe o meior evento de cultura (não-nerd) que fui até hoje. A prefeitura de São Paulo está de parabéns pela organização e promoção de um evento como este, que no mínimo é interessante e vale prestar um pouco de atenção.

(fala-se em 4 milhões de pessoas na Virada Cultural. Fonte: O Estado de São Paulo)

Acesso livre à cultura!
Foi a primeira vez que fui à uma Virada Cultural e já digo de cara: Parabéns à Prefeitura por essa excelente iniciativa. Sem demagogia ou pieguisse! O livre acesso à cultura deve ser promovido em todos os pontos (e não apenas ao software livre, que é o que defendo aqui neste blog). Dar a chance à população ampliar seus horizontes e sair da limitação que a caixa da TV impõe é fundamental.

A distopia noir.
Este termo se refere àqueles filmes[bb] com um panorama futurista caótico[bb]. Normalmente mais escuros, envolvem tramas complexas e intrigantes: Blade Runner, V for Vendetta e Sin City são exemplos destes cenários de ficção. Mas que diabos isso tem a ver? Bom, só estando às 3h da manhã no centro histórico de São Paulo pra entender realmente do que estou falando. A sensação é de completa imersão em um submundo. Sociedades complexas e seus guetos espalhados pelas calçadas e em volta dos palcos. Punks, indies, clubbers e o que mais você quiser. Todos com o mesmo objetivo: Consumir cultura. Esta é desta distopia que falo. Um evento que muda completamente um local, reune pessoas e torna a experiência realmente rica.

(obs importante: Entenda cultura como toda forma de expressão e arte. Seja uma banda barulhenta, um poeta e sua trupe ou um grafiteiro demarcando sua tribo.)


As atrações que vi:
Fomos ao Sesc Ipiranga com o objetivo de ver Fernanda Porto[bb] e acabamos vendo uma mostra de cinema com um breve episódio de Charles Chaplin[bb] e a banda Sandália de Prata. Esta última é uma banda bastante agradável de samba-rock, ritmo dançante e envolvente. Fernanda Porto dispensa comentários. Uma musicista de primeira que mandou muito bem em todos os intrumentos que tocou: Saxofone, percursão, teclado, violão e guitarra. Tocou hits de seus dois álbuns, Samba Dois de Los Hermanos[bb] e ainda duas músicas que já estão no álbum novo. Simplesmente fantástico.

Depois de perambular pelo centro, ver o finalzinho de Paul Di'anno, tirar um cochilo no meio da República (feito Woodstock) e tomar uns tragos de conhaque pra esquentar a alma, resolvemos ir até a São João e esperar pelo Teatro Mágico. A espera nos surpreendeu com um grande presente: A alvorada. O amanhecer visto da Avenida São João foi indescritível. E o belíssimo dia que surgiu veio acompanhado do show do Fernando Anitelli e sua trupe.

O Teatro Mágico veio e lotou (ainda mais) a avenida. Suas músicas poéticas e seu show performático encantou a todos os presentes. Seu discurso quase comunista de compartilhamento livre de conteúdo me cativa demais. Um viva à cultura livre. Um viva à midia independente. :-)

(Avenida São João como nunca antes vista.
No amenhecer de domingo)

Pontos fracos.
A sugeira. Definitivamente o ser humano não sabe o lugar de lixo. Isso (infelizmente) completa ainda mais a cena distópica do centro de São Paulo. As ruelas e travessas viraram mictórios públicos. O odor forte e a sujeira fora o ponto mais baixo do evento.

Ponto fortíssimo:
A cobertura do Radar Cultura foi excelente. Fora a cobertura pelo Twitter, com informações sendo lançadas em tempo real, houve também um serviço colaborativo de cobertura do evento. O Radar Cultura disponibilizou um número de telefone fixo, para o qual um cidadão poderia ligar de onde estivesse e dar seu depoimento: Está bom, está ruim, está com fila... E o resultado é um grande jornalismo de vanguarda. Um jornalismo 2.0 :-) (Devo escrever ainda esta semana no oniscienteColetivo sobre este grande exemplo de jornalisto 2.0 que é o Radar Cultura)

Dicas de um novato em Virada Cultural:
  1. Leve uma blusa. De madrugada a temperatura costuma despencar.
  2. Recomendo levar um saco de dormir[bb]. Você pode dormir no gramado da praça da República sem necessariamente criogenar seus órgãos vitais.
  3. Use calçados confortáveis e que não entrem água facilmente (vide tópico sobre os pontos negativos)
  4. Programe-se bem. Marque o que quer assistir e, se estiver em grupos de amigos múltiplos de 4, considere a opção de pegar um taxi e dividir os custos.
  5. Vale MUITO a pena dormir de madrugada (caso este período não tenham eventos que te interessem, claro). Muitas atrações interessantes ficam no final do segundo dia, e quem não guardou energia não aguenta mesmo.
  6. Leve uma câmera decente[bb] e fotografe tudo.
Concluindo:
"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" - Fernando Pessoa.
Ver seus artistas prediletos, perambular pelo centro antigo de madrugada e ainda ver o sol nascer na Avenida São João nem te faz lembrar da exaustão física. Só me dei conta disso quando cheguei em casa... :-)

Minhas fotos:
http://www.flickr.com/photos/otubo/tags/viradacultural/

Meus vídeos:
O Teatro Mágico - Ana e o Mar
Fernanda Porto - Perdi o Ton
Fernanda Porto - Só tinha que ser com você

Um comentário:

Fernanda disse...

Timeeee...
a) frio? de madruga??? eu não senti!!!!
b) meus sapatos muito bem fechados!!!
c) me impressionou (e muito) a pontualidade de todos os eventos!!! sem atrasos nem nada!
d) eu quero todas as fotos! sei que tá faltando pelo menos a foto do time completo!